Check-Raise quando estamos comprometidos e felizes
O grande problema de tentar um CR quando estamos comprometidos de forma feliz é que ele falhe. Quando temos uma mão forte e muita stack para entrar no pote, se o CR falha vai-nos custar muito dinheiro porque o pote não cresce como nós gostaríamos (comprometidos e felizes significa que queremos jogar um pote grande).
Quando para além disto, a board for coordenada, ainda é pior para nós que o CR falhe (mesmo que a nossa mão não seja vulnerável). Isto porque quando a board é coordenada, há muitas cartas no baralho que nos vão prejudicar a acção futura mesmo quando temos uma mão que não precisamos de proteger. Ou seja, falhar um CR aqui é particularmente mau.
No entanto, não é tudo mau :p Quando queremos jogar um pote grande (estamos felizmente comprometidos, lembrem-se) e temos uma stack grande, fazer um CR que resulta é crucial para facilitar que a nossa stack entre toda no pote.
Como nota adicional, há ainda o tipo de board. Não acho que seja o factor mais importante, mas é mais fácil que resulte um CR numa board que acerta no range do nosso adversário (se nós não tivermos iniciativa, atenção) do que numa board que acerta no nosso range.
Portanto, quando tivermos uma stack efectiva grande, vamos tentar um CR quando este não tiver uma grande probabilidade de falhar.
Check-Raise quando estamos comprometidos e tristes
Este caso acontece principalmente a shortstacks (e jogadores de torneios).
Quando a nossa mão não é grande coisa, não é habitual querermos fazer CR. O habitual é querermos ir a showdown de forma barata. Porém, há algumas situações em que poderá ser rentável para nós. Vamos ver algumas:
-Quando a nossa stack efectiva é pequena e sabemos que se o adversário quiser a nossa stack vai entrar toda no pote sem dificuldade.
-Quando a nossa mão é vulnerável.
-Quando o rival aposta muito se nós fizermos check (ou seja, o check-raise vai funcionar quase sempre)
Ou seja, quando a nossa mão é vulnerável estamos a cobrar o máximo ao nosso adversário pela equity que ele pode ter (caso dos draws, por exemplo). Vamos, então, estar a proteger a nossa mão e a extrair valor de mãos piores que apostaram porque nós induzimos e que iam foldar se nós apostássemos no turn de novo.
De uma maneira geral, é melhor fazer isto em boards que acertem no nosso range (ou boards neutras) do que em boards que acertem no range do agressor, porque a nossa mão será menos vulnerável nas primeiras.
E agora para a parte mais interessante...:p
Check-Raise quando não estamos comprometidos com o pote
E qual é o objectivo de um Check-Raise quando não estamos comprometidos com o pote? Sim, é isso mesmo...Bluffar :) Não é tão habitual como um CR por valor, porque é um movimento que tem de resultar mais vezes (como já tinha dito na parte 1, é um bluff mais caro) do que se simplesmente apostarmos. Porém, há algumas condições que eu acho que o fazem uma boa opção para bluffar:
-Quando a nossa stack é pequena (~2x o tamanho do pote) porque o adversário sabe que a decisão dele é para toda a nossa stack; e quando temos uma stack muito grande em relação ao pote (tipo 10x), permitindo-nos usar a alavancagem como ferramenta (o adversário sabe que o pote vai ficar muito grande e que a seguir pode levar com o resto da stack e jogar um pote gigante).
-Quando temos uma mão fraca ou um draw
-O rival é muito loose
-Se a mesa acerta no nosso range quando temos iniciativa ou se acerta no nosso range quando não temos iniciativa.
Chegamos à parte que eu acho mais interessante! :p
O facto de o tamanho da stack interessar , tem a ver com o facto de o custo do bluff ser inferior (stack pequena) e, como já tinha dito, nos assegurar que cobramos toda a equity que temos (porque já estamos all-in).
Se a stack for grande o nosso CR já não vai ser all-in mas o adversário vai precisar de uma mão muito mais forte para jogar pela stack (seja fazendo call ou fazendo re-raise) e, para além disso, estamos a diminuir a probabilidade de ele tentar bluffar.
E porque é que eu prefiro mãos fracas ou draws? Porque são as mãos que saem menos prejudicadas de um CR falhado! Além disso, se o nosso CR falhar e o adversário fizer call, temos sempre alguma equity para acertar no turn e/ou river.
Em relação ao facto de eu preferir adversários loose para fazer CR em bluff, prende-se com o facto de ser tão mais difícil ele fazer call ou raise ao nosso bluff quanto mais amplo for o range dele preflop. Ou seja, o melhor rival para isto vai ser o loose preflop e postflop e o pior de todos o tight preflop e postflop.
Ufa, acho que está tudo!
Abraços e beijinhos,
Luis Sousa Reis